A Central Única dos Trabalhadores de Mato Grosso do Sul (CUT-MS) recebeu com indignação uma denúncia de trabalhadores indígenas submetidos a condições de trabalho degradantes e possivelmente análogas à escravidão.
O caso ocorreu no município de Vacaria, no interior do estado do Rio Grande do Sul, durante a colheita da maçã há dois meses atrás para Campi Frutas Agroindustrial LTDA, conforme informações dos indígenas o responsável pelo recrutamento destes trabalhadores no Mato Grosso do Sul, é conhecido pelo apelido de: “Zé Carlos da maçã”.
Os indígenas das etnias Guarani Kaiowá e Terena, originários do estado de Mato Grosso do Sul, viajaram para o Rio Grande do Sul em busca de oportunidades de trabalho na colheita da maçã. Contudo, ao chegarem, depararam-se com situações alarmantes nas áreas rurais do município de Vacaria.
Vídeos gravados pelos próprios indígenas foram enviados como forma de denúncia e pedido de ajuda dos trabalhadores. Neles, é possível constatar as condições insalubres oferecidas para o uso de banheiros, alguns compostos apenas por paredes de madeira e um buraco no chão.
Além disso, os trabalhadores indígenas relatam que a empresa local responsável pela colheita, em diversas ocasiões, fornecia comida estragada “azeda”. Em um dos vídeos, um trabalhador mostra ferimentos em seu corpo cobertos por gaze e denuncia que foram causados por um tratorista que passou o equipamento sobre seu pé.
As denúncias chegaram recentemente para a CUT-MS, e o presidente da Central, Vilson Gregório, classificou a situação como “um trabalho análogo à escravidão”. Ele afirmou que a CUT-MS irá acionar as instituições ligadas ao trabalho para investigar e intervir nesta situação extremamente degradante.
“Queremos saber quem está por trás do transporte destes trabalhadores indígenas aqui no Mato Grosso do Sul, porque esta situação causa muita indignação. Queremos entender por que a empresa do Rio Grande do Sul não proporcionou o suporte necessário para que os indígenas possam realizar seu trabalho de maneira digna”, enfatizou Vilson Gregório.
A CUT-MS se comprometeu a tomar medidas efetivas para resolver a situação, exigindo responsabilização da empresa envolvida e apoiando os trabalhadores indígenas em sua busca por condições de trabalho justas.
Naquela região do país, recentemente foram encontrados trabalhadores oriundos do estado da Bahia, em situação de trabalho análogo à escravidão na colheita da uva, situação amplamente relatada pela imprensa.
Trabalho análogo à escravidão
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define o trabalho análogo à escravidão como uma forma contemporânea de exploração, na qual as condições de trabalho se assemelham àquelas que caracterizam a escravidão histórica. Isso inclui situações em que a liberdade e a dignidade dos trabalhadores são comprometidas, frequentemente envolvendo coerção, restrição de movimento, jornadas exaustivas, condições degradantes e falta de pagamento justo. A OIT trabalha incansavelmente para erradicar essas práticas e promover condições de trabalho dignas em todo o mundo.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) considera o trabalho análogo à escravidão como uma afronta aos direitos fundamentais do trabalhador. Para a CUT-MS essas condições desumanas são inaceitáveis e requerem uma resposta firme por parte das instituições relacionadas ao trabalho.
A Central, ao tomar conhecimento de casos como o denunciado pelos trabalhadores indígenas, busca ativamente responsabilizar as empresas envolvidas, responsáveis tanto pela organização do transporte e assédio destes trabalhadores no Mato Grosso do Sul, quanto da empresa local no Rio Grande do Sul, destacando a necessidade de garantir condições de trabalho justas e dignas para todos os trabalhadores.
Fonte: CUT