Os efeitos de isolamento ocasionados pela pandemia de covid-19 marginalizou, ainda mais, a população LGBT, que já enfrentava a falta de sociabilidade por conta da LGBTfobia presente no Brasil. No mundo do trabalho, as dificuldades decorrentes da discriminação e do preconceito são enfrentados nos diferentes setores.
Segundo a ONU, em todo o mundo, as taxas de desemprego, pobreza, insegurança alimentar e educação são mais altas na comunidade LGBT e isso se potencializa nos países onde faltam políticas de enfrentamento à intolerância. Sob o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), grupos conservadores e com discursos de ódio passaram a ter cargos no Executivo, esvaziando completamente as pautas sobre respeito à diversidade.
Uma grave consequência disso são aos dados anuais do número de mortes da população LGBT no país. Apesar de ter havido uma redução em 2020, entidades de direitos humanos apontam que não há motivos para se comemorar, pois essa queda estaria atrelada a subnotificações e pelo desmonte das campanhas de incentivo a denúncias por parte do governo federal. Relatório do Grupo Gay da Bahia aponta que, no ano passado, pelo menos, 237 pessoas perderam a vida para a violência por conta de suas orientações sexuais ou identidade de gênero – uma queda de 28% se comparados ao ano anterior.
“É um engano pensar em redução na violência, pois não houve nenhuma política pública de proteção. O que temos são discursos que incentivam ataques e o cenário de isolamento da covid-19 deve ser considerado, o que fez a população LGBTQIA+ se isolar”, analisa a secretária de Políticas Sociais da CUT-SP, Kelly Domingos.
Para a dirigente, é também preciso discutir os impactos que essa população sofreu no mundo do trabalho por conta da crise sanitária, que fez aumentar o desemprego e a pobreza. “No mundo do trabalho as marcas dessas exclusões são visíveis também. É grande o número de LGBT que não acessam o mercado de trabalho por divergirem da heteronormatividade”.
Membro do Coletivo LGBT da CUT, Marcos Freire diz que esses desafios enfrentados diariamente empurram a população LGBT para funções consideradas menos atrativas pela sociedade, como cabelereiros e operadores de telemarketing. “É fundamental que os sindicatos atuem para pressionar governos e empresas a implementarem iniciativas práticas de combate à LGBTfobia nos locais de trabalho, assim como garantir maior diversidade em suas contratações. Para as empresas, inclusive, estudos mostram que aumentar a diversidade entre seus trabalhadores ajuda a alcançar melhores resultados financeiros”, afirma.
“Por isso, neste dia 17 de maio, Dia Internacional de Luta contra a LGBTfobia, a CUT se junta à comunidade LGBT na luta contra as várias opressões impostas a essa população no caminho de uma sociedade mais justa e igualitária. Também seguimos juntos e juntas cobrando a urgência na aplicação da vacina contra a covid-19”, finaliza Freire.
Fonte: CUT