A posse da terra pelos povos indígenas passou a ser definida como um “direito originário” que antecede a própria criação do Estado brasileiro. Essas conquistas foram resultado de muitos séculos de resistência dos povos indígenas que tiveram um grande apoio de entidades, associações e setores democráticos e progressistas da sociedade que lutavam pela redemocratização do país nas décadas de 1970 e 1980.
No rastro do golpe contra a presidenta Dilma, os indígenas brasileiros foram duramente atingidos. Entre meados de 2017 a 2018, cerca de 242,5 km² dos territórios indígenas foram desmatados, chegando a terrível marca de 423,3 km² entre agosto de 2018 e julho de 2019. Várias organizações voltadas para a defesa dos direitos humanos alertam sobre o risco de etnocídio (extermínio da cultura) e de genocídio (extermínio do povo) dos povos isolados frente à política do atual governo voltada para os interesses das mineradoras, dos madeireiros e do agronegócio. Basta lembrar que poucas horas depois de tomar posse no dia 1º de janeiro de 2019, o atual presidente publicou uma Medida Provisória passando a demarcação de terras indígenas e de quilombolas para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Neste momento tão adverso, a nossa solidariedade às lutas dos povos indígenas é uma tarefa que não pode ser adiada diante de tantas atrocidades sofridas por eles, que colocam em risco a sua existência física e cultural e, portanto, fere gravemente uma das partes constitutivas da nossa identidade como povo brasileiro, além de violar a democracia, o respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente.
Fonte: SMABC