A equipe de transição do presidente eleito Lula (PT) recebeu nesta terça-feira (6) propostas para a retomada estratégica do Polo Naval de Rio Grande, que teve forte impulso durante os governos do PT, mas que foi impactado pelas ações destruidoras da Operação Lava Jato, que quebrou empreiteiras e causou milhares de demissões de trabalhadores.
As propostas foram entregues por um grupo integrado por diferentes sindicatos e liderado pelo ex-prefeito de Rio Grande e deputado federal eleito Alexandre Lindenmeyer (PT-RS), com a participação do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval).
Houve apresentação ao grupo técnico de Infraestrutura, representado pela coordenadora e ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior, de um documento intitulado Agenda de Diretrizes para a Retomada do Setor Naval, na sede da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), em Brasília.
Voltar a construir plataformas de petróleo no Brasil
A ideia do grupo é sensibilizar o governo eleito a voltar os olhos ao setor como motor para o desenvolvimento do país e pressionar por uma estratégia de construção de plataformas de petróleo como geradora de emprego e renda.
Conforme Lindenmeyer, entre 2005 e 2018, foram erguidas mais de 100 embarcações e plataformas, com destaque para a P-53, a P-55, a P-58, entre outras, que operam em campos de petróleo. Diferentes setores foram beneficiados com a construção das estruturas na Metade Sul do Rio Grande do Sul, como siderúrgico, elétrico, de eletrônicos, madeireiro e mobiliário, químico, transporte, maquinários, geração de energia e serviços.
“Nesse período, os estaleiros foram remodelados ou construídos, como é o caso de Rio Grande e de São José do Norte, onde há três grandes estruturas, uma delas com dique seco diferenciado, com capacidade para construção de quatro embarcações simultaneamente, além de dois pórticos gigantes, um para 600 toneladas e outro para 2 mil toneladas, o que, em qualquer estaleiro no mundo, representa performance e agilidade extraordinárias”, avalia o deputado eleito.
Lava Jato destruiu empresas e empregos
Com a Lava Jato e a quebra das principais empreiteiras no país, o Polo Naval virou esqueleto, seguido de uma onda de desemprego. Em 2018, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) indicou que mais de 80% das vagas de trabalho foram eliminadas no setor no país.
Lindenmeyer ressalta que “o Brasil hoje precisa fortalecer sua indústria, mas não só no estaleiro, em toda a cadeia de fornecedores de bens. Além disso, tem-se a possibilidade de se fazer no Polo Naval o desmantelamento de navios abandonados e de plataformas paradas. É outro setor que oportuniza emprego e renda”.
Para o deputado eleito, enquanto faltam empregos no país e estaleiros estão parados ou subutilizados, embarcações de grande porte brasileiras são construídas no Sudeste Asiático. “Temos 12 navios petroleiros sendo construídos no Japão, 12 plataformas na China, mais navios em Singapura e Coreia do Sul. Cada plataforma ou embarcação custa em torno de R$ 15 bilhões. Isso pode gerar trabalho e renda aqui”, defende.
Retomada da indústria
O secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo, apoia a retomada do Polo Naval de Rio Grande e lembra que “a Lava Jato destruiu 75 mil empregos no Rio Grande do Sul, diretamente nas áreas de petróleo e gás. O ramo da engenharia de construção civil, que faturava mais R$ 80 bilhões por ano, passou a lucrar R$ 10 bilhões, o que representou um brutal crescimento do desemprego no setor”.
Nespolo, que coordena o Macrossetor da Indústria da CUT-RS, atribui o desmonte do Polo Naval à ação destruidora e ideológica da força-tarefa da operação comandada pelo ex-juiz suspeito Sérgio Moro. Para o sindicalista, “o caminho deveria ter sido outro: investigar sem prejudicar os negócios das empresas e sem afetar os empregos dos trabalhadores”.
“A eleição de Lula representa a oportunidade de retomada do Polo Naval e do processo de industrialização do país, o que é fundamental para o desenvolvimento econômico e social com a geração de empregos de qualidade”, aponta o dirigente da CUT-RS.
Com informações de Zero Hora